30 julho, 2011

Deturpante realidade.


  Mais uma noite de verão, com um calor sufocante. Meu apartamento lá trás não me chama de volta, e nem conseguiria; a força das estrelas, da lua e do asfalto sob meus pés é mais forte. E nesses dias, tudo o que me deixa um pouco melhor é isso. Sair por aí sem rumo, deixando meus passos me guiarem...
  Tem sido tão difícil viver, dia após dia; um nada me leva ao amanhã. Minha consciência me mantém no rumo, mas este por sua vez, não se define, não chega á lugar algum. E eu me pergunto qual é a saída, me pergunto; repetidamente. Mas nada, absolutamente nada me vem á mente.
  Não me recordo do preâmbulo disso tudo. Quando me dei por conta, aqui estava, nitidamente perceptível, escrito á sangue na parede á minha frente. Fulgente e cruel é a verdade. Para alguém que enxerga, para alguém que pode ver, para alguém que entende, - ela é o delírio, é a loucura, é o fim disso tudo. 
  Caminhando nestas ruas silenciosas á meus ouvidos, penso. Penso e não consigo me ater á nada. Tudo se transformou nisso. De antônimos á sinônimos em um piscar de olhos. O tudo e ao mesmo tempo o nada, me mantêm aqui. Qual é o sentido disse tudo? Porque e pra que estamos continuando? Por enquanto não há resposta, e eu sei disso.
  Esperando o julgamento final, eu continuo. Continuo sem rumo, sem direção, sem... Volto para meu apartamento, volto para o chuveiro. Enquanto e água percorre meu rosto, meus cabelos, meu corpo, eu sinto algo em meus olhos. São lágrimas. Lágrimas de nada, lágrimas procurando um porque para escorrer, sons torturantes saindo de minha garganta requerendo um alvo, meu corpo no chão gelado, reivindicando, implorando por um fim.

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